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Perdas e ganhos da Delta

Noventa casos de superfaturamento em execução de obras, 18 superfaturamentos em aditivos a contratos de prestação de serviços, 9 vitórias em licitações dirigidas de grande porte.

Noventa casos de superfaturamento em execução de obras, 18 superfaturamentos em aditivos a contratos de prestação de serviços, 9 vitórias em licitações dirigidas de grande porte. Esses números, publicados na coluna Direto de Brasília, no Estado de domingo, são apenas uma amostra do que a Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou ao passar o pente-fino nos negócios da construtora Delta com o seu cliente preferencial, a administração pública. A Delta não é a maior empresa do gênero no País, mas nenhuma das que a superam no ranking do setor recebeu nos últimos três anos tantos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): R$ 2,4 bilhões.

À medida que se aprofundaram as escavações em torno do modus operandi da empreiteira, a começar de suas relações com o esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira, principalmente – mas não só – em Goiás, o império do engenheiro Fernando Cavendish passou a tremer nas bases. Um de seus diretores está preso. Outro, foragido. Os seus principais executivos foram afastados ou se afastaram, como o próprio Cavendish – que entrou pessoalmente para a história oral da compra de autoridades por empresas interessadas no que elas podem proporcionar, ao se vangloriar de que, se “botar 30 milhões na mão de um político”, ele será “convidado pra coisa pra …”. E na última sexta-feira desmoronaram os andaimes de uma eventual reconstrução da Delta.

O conglomerado J&F Participações, que controla, entre outros empreendimentos, o Frigorífico JBS, o maior processador de carnes do mundo, anunciou nesse dia que desistiu de comprar a construtora, menos de um mês depois de assumir a sua direção. A ideia se concretizaria se uma auditoria independente nos negócios da firma não apurasse nada que desaconselhasse a aquisição. Mas a decisão da CPI do Cachoeira de quebrar os sigilos da Delta em âmbito nacional, tomada na terça-feira, contribuiu para solapar a iniciativa – que, nos meios empresariais e no governo, poucos acreditavam que pudesse vingar. “Crise de confiança e de credibilidade”, foi o motivo óbvio citado pelo presidente da J&F, Joesley Batista, para dar o dito pelo não dito.

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