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Suspeitos miravam as emendas de deputados federais

Um grampo pega Olívio Scamatti – apontado como líder da quadrilha – informando a seu interlocutor que “os 585 mil do Aldo do Esporte já estão liberados”. Outra interceptação mostra negociação direta entre o empresário e uma servidora pública, Denise Cavalcanti, que trabalhava no gabinete de Vaccarezza. O teor desse diálogo, captado em 28 de maio de 2010, reforça a suspeita dos investigadores sobre o poder de infiltração da organização na Câmara.

 

Scamatti e Denise tratam de valores provavelmente relativos a uma emenda para o município de Mirassol. Denise liga para Scamatti e pergunta “se o valor do processo de Mirassol não foi readequado” – na época, ela era assessora de Vaccarezza. Denise diz ao empresário que, “para ter o valor acima”, no caso da prefeitura daquele município, “é preciso a interferência do Vaccarezza”. Diz que está com o deputado e que vai pedir a ele que “ligue para o ministro”, mas não menciona o nome da pasta.

 

Comum. “Conheço o Olívio, encontrei com ele quatro ou cinco vezes”, disse Vaccarezza. “Conversei uma vez em Brasília. Ele me procurou diretamente falando de obras de uma prefeitura. Mas nunca me pediu nada. É comum empresários quererem apresentar as suas empresas. Isso não é um problema.”

 

Sobre emendas, o petista disse: “Minha relação foi sempre com prefeitos. (Olívio) queria me conhecer, conversar, eu era líder do governo. Mas nunca pediu ajuda para liberar obra. A Denise foi uma assessora que demiti mais ou menos em 2010 porque fiz uma reestruturação do meu gabinete. Eu não tinha conhecimento dessa conversa (Olívio com Denise). Perdi o contato com ela completamente. Não existe essa emenda (Mirassol).”

 

“Nunca conversei com ele (Olívio) ou com esse pessoal”, disse o deputado Otoniel. “Destinei R$ 1 milhão uma vez para Votuporanga, só que a emenda não foi empenhada. Acho estranho esse negócio de citar meu nome. Não trato nem com eles (empresários). Se tiver que falar, falo direto com a prefeitura.”

 

Por sua assessoria, Aldo Rebelo disse que não conhece Scamatti e que todas as emendas “são solicitadas por prefeitos”. “A execução orçamentária das emendas é de exclusiva responsabilidade das prefeituras.”

 

Feliciano, também via assessoria, disse que não fala com lobistas e que suas emendas estão disponíveis no site da Câmara.

 

Por: FAUSTO MACEDO e FERNANDO GALLO
(Fonte: Estadão)

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