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Mais de 200 pacientes aguardam ‘home care’ em MT

A situação do adolescente Marcos Vinícius Alves Ferreira, de 15 anos, que fraturou a coluna dando um “salto mortal” e ficou tetraplégico, acabou expondo um problema grave na saúde pública de Mato Grosso.

Mais de 200 pacientes, assim como ele, estão internados e na fila esperando pelo serviço home caré, ou seja, atendimento em casa.

Todos eles têm ordem judicial em mãos, o que não tem resolvido o problema.

A informação é da secretária adjunta de Regulação da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, Maria Gabriela Teixeira.

Segundo ela, cabe aos municípios oferecer home caré, no entanto, muito poucos de Mato Grosso aderiram ao programa federal “Melhor em Casa”, através do qual, recebem recursos para prestar o serviço.

Maria Gabriela explica que diante dessa fila grande e da omissão dos municípios, o Estado vendo sendo responsabilizado pelo Judiciário e por isso abriu licitação no final do ano passado para contratar diversas empresas que oferecem este serviço na capital e interior.

“No entanto, a empresa Help Vida, que recebe 40 milhões ao ano para atender 55 pacientes somente em Cuiabá e está lotada, impugnou, impedindo que façamos contrato com diversas empresas que atuam no Estado”, lamenta a gestora.

Ao impugnar a licitação, a empresa alegou que os preços propostos estavam baixos.

O home caré é um serviço considerado caríssimo. Cada paciente pode custar de R$ 30 mil a R$ 300 mil por mês, dependendo do quadro de saúde e das necessidades dele.

Insistindo no Judiciário, o Estado recorreu, tentando evitar a impugnação, e conseguiu dar andamento à licitação que volta a tramitar essa semana, ainda de acordo com a gestora.

“Por isso não consigo atendeu a um caso específico como o de Querência”, explica a reguladora, se referindo a Marcos. “Precisa esperar a licitação, o serviço público funciona assim”.

Marcos é de Querência (945 quilômetros a Nordeste de Cuiabá). Dia 1 de julho do ano passado ele teve múltiplas fraturas devido a um mergulho de mal jeito em um córrego, onde se divertia com amigos. Passou por cirurgia, em Cuiabá, para onde foi encaminhado às pressas, de avião, e, na sequência, recebeu a notícia de que ficou tetraplégico.

Depois de tudo isso e já estabilizado, o rapaz recebeu alta. Isso foi há seis meses. No entanto, continua internado na UTI do Hospital São Benedito.

O caso de Marcos repercutiu porque a mãe dele, a sitiante Sheila Ferreira, 35, gravou um vídeo, em dezembro, fazendo um apelo às autoridades responsáveis para que agilizassem a home caré para ele.

“Meu temor é que ele pegue uma infecção hospitalar, além disso está na vaga que poderia ser ocupada por outra pessoa, ele está bem, se alimentando com comida normal, só precisa de home caré”, apela.

Para acompanhar o filho, Sheila fica, na capital, em um lar de apoio a pessoas enfermas e familiares que são do interior.

Comenta que tanto ela quanto o filho passaram momentos muito difíceis e que ambos, com apoio de especialistas em psicologia e assistência social, estão melhorando.

“Imagina meu filho com 15 anos sofrer um acidente desses, um rapaz saudável e que agora só consegue mexer os olhos, não é fácil”, lamenta.

Os dois já sabem que, mesmo se a home caré for autorizada, para Querência eles não podem voltar porque lá não tem UTI. A cidade mais próxima de casa e que tem UTI é Barra do Garças. A cidade porém não aderiu ao programa Melhor em Casa.

Help Vida

O GD entrou em contato com a Help Vida, mas a empresa não deu retorno até o fechamento desta matéria.

Melhor em Casa

O Melhor em Casa é um serviço indicado a pessoas que apresentam dificuldades temporárias ou definitivas de sair do espaço da casa para chegar até uma unidade de saúde, ou ainda para pessoas que estejam em situações nas quais a atenção domiciliar é a mais indicada para o seu tratamento.

O programa entende que se o paciente for atendido em casa isso fará bem a ele porque estará próximo da rotina da família, evitando inclusive infecções hospitalares, além de estarem no aconchego do lar.

O atendimento home caré é feito por equipes multidisciplinares, formadas prioritariamente por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e fisioterapeuta ou assistente social. Outros profissionais (fonoaudiólogo, nutricionista, odontólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional e farmacêutico) poderão compor as equipes de apoio.

De acordo com o programa, cada equipe poderá atender, em média, 60 pacientes, simultaneamente.

É isto que Marcos e mais de 200 pacientes de Mato Grosso estão reivindicando, já com liminar judicial em mãos mas não conseguem.

Fonte: Folha Max

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