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Presidente da Câmara diz que portarias, decretos e computadores sumiram. Afastado do cargo, Paulo Pitt nega acusações e afirma ter cópias de papéis.

Duas semanas após a cassação do prefeito Paulo Pitt (DEM) da Prefeitura de Restinga (SP), o presidente da Câmara Fernando Costa (PSB) – que assumiu interinamente o Executivo por 90 dias – acusa a administração anterior de ter desaparecido com documentos públicos do prédio da Prefeitura. Segundo Costa, portarias, decretos, processos de licitação e arquivos de computadores sumiram e foi preciso contratar um chaveiro para abrir as repartições. Pitt nega as acusações e diz ter cópias de todos os documentos dos oito meses de mandato que exerceu.

De acordo com o prefeito interino, os funcionários perceberam a ausência dos documentos desde o dia 16 de agosto, data em que assumiram a Prefeitura. “Quando adentramos percebemos que vários documentos haviam sumido. Simplesmente carregaram tudo e levaram embora. Para nós, foi uma novidade, porque são documentos públicos. Nossa entrada foi inclusive acompanhada pela Polícia Civil e pela Polícia Militar”, afirmou.

Costa diz que foi informado de que algumas pessoas que ocupavam cargos de confiança na administração de Paulo Pitt haviam saído do Paço Municipal com caixas no dia anterior à cassação. “Justamente por isso nós chamamos a polícia e fizemos um boletim de ocorrência para registrar o desaparecimento desses bens.”

Para ele, o desaparecimento dos documentos é uma forma de esconder irregularidades da gestão de Pitt. “O principal objetivo da administração passada era sumir com as provas, com os documentos, e isso comprova mais irregularidades do que já foi apurado pela Câmara Municipal”, disse.

Atraso

O problema fez com que o trabalho na Prefeitura ficasse paralisado por praticamente uma semana. Segundo Costa, os arquivos dos computadores foram recuperados pela empresa que presta suporte à Prefeitura. “Já os decretos e portarias foram perdidos e começamos do zero”, afirmou.

De acordo com o prefeito interino, 38 empresas prestadoras de serviços no município foram suspensas devido a irregularidades em licitações feitas por Pitt. “São licitações direcionadas, fraudulentas. O jurídico está analisando e essas licitações serão encaminhadas ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público. Estamos fazendo de tudo para que nenhum setor seja prejudicado apesar das fraudes. Vamos esperar o parecer do tribunal para saber como proceder”, explicou.

Paulo Pitt

Procurado pela reportagem, Paulo Pitt negou as acusações e disse não ter qualquer envolvimento com o sumiço dos documentos da Prefeitura de Restinga. “Todo o quadro da Prefeitura tem um responsável pela sua área. Tenho certeza que a documentação está toda lá.Esses documentos estão todos na Prefeitura”, afirmou.

Em relação às chaves do prédio, o prefeito afastado afirmou que não tem responsabilidade sobre os objetos. “Não é da responsabilidade do prefeito a chave da Prefeitura. A chave fica com os atendentes e cada diretor tem a chave da sua sala”, disse.

Pitt disse que tem cópias de todos os documentos gerados nos oito meses de mandato em Restinga e que está à disposição para apresentá-los. “Tenho cópia de tudo e todos os documentos estão lá [na Prefeitura]. Sobre o que não tenho cópia tenho o responsável do setor para responder. Podem me procurar, sem dúvidas. Estou disponível para defender o município e a legalidade”, conclui.

Cassação

Uma comissão processante da Câmara de Restinga cassou no dia 13 de agosto o prefeito Paulo Pitt e sua vice Luciene Martins Faria Fernandes (PRB) por irregularidades na Prefeitura como manutenção de funcionários fantasmas, desvio de dinheiro do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e contratação de serviços sem licitação.

O presidente da Câmara, Fernando Costa, permanece no Executivo interinamente por três meses. Uma cópia da decisão foi enviada para a Justiça eleitoral em Franca (SP) para que uma nova eleição seja realizada em Restinga. A data ainda não foi confirmada.

(Fonte: G1)