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Edital para licitação do zoológico do Rio será publicado na terça-feira

O informativo na bilheteria ainda avisa: a entrada inteira custa R$ 10, enquanto a meia sai por R$ 5. Apesar do tempo nublado do Rio de Janeiro, que afastou os visitantes da Quinta da Boa Vista — importante centro de lazer em São Cristóvão —, algumas pessoas tentaram visitar neste domingo o Jardim Zoológico do Rio, o primeiro do país. , por falta de condições para manter os animais, o local que costuma ser sinônimo de diversão para os pequenos provocou frustração em quem se planejou para o passeio. Em meio aos transtornos, entretanto, a Secretaria municipal de Meio Ambiente garante que o edital de licitação do Zoológico será publicado no Diário Oficial nesta terça-feira.

Enquanto isso, uma reunião conjunta entre a secretaria, a Comlurb, a Secretaria municipal de Conservação e a Fundação Parques e Jardins foi realizada neste sábado para “inciar os ajustes finais” para a entrega do documento que vai formalizar junto ao Ibama, nesta semana, um cronograma de adequações necessárias ao cumprimento das exigências. O objetivo, de acordo com a assessoria do site, é solicitar o cancelamento do embargo para o retorno da visitação, até que a transição para o novo modelo de gestão seja concluído.

Apesar da repercussão após o fechamento do espaço na última semana, algumas famílias foram pegas de surpresa. Morador de São Paulo, Carlos Campos, de 30 anos, chegou no Rio neste fim de semana e pretende passar 15 dias na cidade. Acompanhado de três sobrinhos — de um ano, de três e de dez —, ele planejou a visita ao olhar o site do Zoológico.

— Se o Zoológico não tem condição de abrigar os animais não é para estar aberto mesmo, precisa ter um mínimo de conforto. Só é uma pena a falta de informação. Queríamos entrar e ver os animais. Entrei no site pela manhã e não vi nenhuma informação a respeito do fechamento — diz o técnico metroviário.

Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente informou que não há aviso no site do Zoológico por “por não ter sido uma decisão da prefeitura” e por ter sido “amplamente divulgado pela imprensa durante toda esta semana”.

Turistas ou cariocas, os planos para um passeio em família precisaram ser alterados por quem depositou no zoológico a esperança de diversão neste domingo:

— Estamos extremamente decepcionados. Trouxe o meu filho de sete anos para visitar o zoológico. É uma vergonha para a cidade. Eu saí da Barra, e mesmo sem trânsito gasto um tempo de carro — critica André Portocarreiro, de 40 anos, que planejou levar o filho João — Eu trouxe ele há dois anos e estava lindo. As Olimpíadas estão chegando e um lugar bonito deste nestas condições — lamenta o empresário.

Adultos ou crianças, o cenário provocava desolação. O pequeno Rawiã de Oliveira, de 4 anos, não acreditou que não conseguiria ver o leão ou os jacarés após sair de Vigário Geral, também na Zona Norte. Na ponta do pé, o menino perguntou a um segurança por uma janela próxima a bilheteria se o Zoológico realmente estava fechado.

— Ele ainda perguntou: “Moço, está proibido?”. Ficou decepcionado. Ele nunca tinha vindo aqui. Hoje ele estava comigo e eu resolvi dar um pulo na Quinta para ver os bichos. Até eu fiquei triste — conta a aposentada Vera Lúcia de Oliveira, de 66 anos, bisavó do menino, enquanto refaz seus planos: — Agora vou dar um passeio por aqui mesmo pra não perder a viagem.

ATIVISTAS PEDEM SANTUÁRIO

Sem o entra e sai habitual do local, cinco integrantes do Gaia, grupo de ativistas independentes em defesa de animais, estenderam faixas na entrada do Zoo. “Queremos um santuário”, informava um dos cartazes no portão. Em 2015, foram quatro protestos realizados na porta do Jardim Zoológico do Rio.

— É um circo dos horrores (o Zoo), é o tráfico de animais silvestres legalizado. Somos contra qualquer tipo de exploração em busca da diversão. Eu vim pela primeira vez aos 16 anos com a minha mãe, mas cheguei na jaula onde ficam as aves e me deu uma tristeza tão grande que nunca mais voltei — conta Marli Moraes, de 67 anos, ativista do grupo — Se dessem esse espaço para o Ibama, por exemplo, seria bem melhor.

Nesta segunda-feira, a vereadora Teresa Bergher (PSDB) vai pedir ao Tribunal de Contas do Município do Rio (TCM-RJ) que inspecione todos os contratos da fundação Rio Zoo. Além disso, a vereadora vai se reunir ao longo da semana com a promotora Cristiane e com o Procurador Geral de Justiça, Marfan Vieira, para discutir a situação do zoológico do Rio.

Em dezembro do ano passado, um inquérito aberto em 2013 para apurar as condições do local voltou vazio para a promotora Christianne Monnerat. Segundo ela, não houve diligências ou investigação. Em entrevista ao GLOBO por telefone, Christianne criticou a atuação do delegado titular da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), José Luiz Silva Duarte:

— O que mais me chama a atenção é o desinteresse do delegado. A chefia de polícia está cansada de saber o meu posicionamento. Ele precisa ter viés, ter esse interesse — criticou a promotora.

A reportagem não conseguiu até o momento localizar o delegado.

(Fonte: Diario Manhã)

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