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Controladoria do DF vê possível sobrepreço em contrato de bilhetagem automática

Um relatório da Controladoria-Geral do Distrito Federal apontou indícios de sobrepreço no contrato firmado com a empresa Transdata, responsável pelo sistema de bilhetagem eletrônico. Sem licitação, a empresa teria recebido R$ 4,69 milhões dos cofres públicos entre 2014 e 2015.

No relatório, o órgão cobra que o governo realize um pregão ou explique por que a Transdata foi contratada sem concorrência. O documento foi divulgado em 8 de novembro de 2016. Em 2013, o Tribunal de Contas já tinha recomendado a suspensão do contrato com a Transdata e realização de uma nova licitação para o sistema de bilhetagem automática.

Segundo a Secretaria de Mobilidade, o contrato que está sob apuração é relativo ao governo anterior e está em análise. De acordo com a pasta, nenhum pagamento relacionado a este contrato foi feito à Transdata desde janeiro de 2015.

O relatório da Controladoria-Geral afirma o contrário. Segundo o texto, um exame na contabilidade do DFTrans comprovou “o pagamento de R$ 1.599.999,83, pagos no exercício de 2015, por reconhecimento de dívida, ainda de serviços prestados no ano anterior”.

Outros lados

De acordo com a Controladoria, a manutenção do sistema de bilhetagem automática da TCB é o único vínculo em vigor entre a Transdata e o GDF. Questionado sobre a permanência dos serviços da empresa apesar das recomendações, o secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, afirmou que “é preciso manter essa prestação de serviços porque preciso manter os validadores”. “Não faz sentido trocar o sistema inteiro.”

A assessoria da Transdata não quis comentar as conclusões apresentadas no relatório da Controladoria. Apenas disse que os fatos serão apurados. A empresa também informou que em uma das cláusulas do contrato com o DFTrans havia explicitado que a contratação seria de forma indireta sob o regime de inexigibilidade de licitação.

Para a Controladoria, a cláusula fere o artigo 2º da Lei de Licitações. A explicação dada é que existem outras empresas com capacidade de prestar o mesmo tipo de serviço desejado e, portanto, não haveria motivos para que a licitação não fosse feita.

Entenda

Os contratos com o DFTrans previam pagamento de uma licença para o uso de um sistema de bilhetagem que pudesse administrar a arrecadação e distribuição dos créditos no sistema de transporte coletivo. A tecnologia seria por meio da criação de um padrão de cartão inteligente.

Mesmo contratada sem licitação, a empresa é responsável por toda arquitetura do sistema de bilhetagem automática do DF, evidenciando, segundo a Corregedoria, uma dependência do DFTrans com relação à Transdata.

O relatório da Controladoria aponta que a Transdata é contratada pelo GDF em caráter emergencial desde outubro de 2012. A auditoria indica também uma adulteração no contrato de 2014. Na época, uma folha do documento teria sido substituída pela original. Na folha original, não estava indicada a data exata de quando o governo deveria começar a pagar a empresa. A “substituída” trouxe o prazo de 40 dias contados a partir de 26 de janeiro de 2015.

Outros casos

O nome da Transdata aparece relacionado a uma tentativa de fraude em agosto de 2016 no sistema de bilhetagem eletrônica de ônibus em Belém, no Pará. Uma troca de e-mails obtida pelo G1 mostra conversas entre o advogado Sacha Reck (preso por fraude nos transportes) e o consultor João Vicente Gaido, da Transdata Smart, discutindo a aprovação de uma lei na Câmara de Vereadores que beneficiaria a empresa.

Três anos antes, o Tribunal de Contas do DF também apontou irregularidades envolvendo a empresa, já que 60% do capital da Transdata estavam nas mãos da família Constantino. O tribunal aponta que fica configurado conflito de interesses porque parte da empresa pertence a um dos maiores grupos de transporte do DF.

Fonte: G1

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