Categories: Notícias

A caixa-preta dos ônibus

Quando Paes fez, enfim, uma bem-vinda licitação das empresas de ônibus em 2010 e as transformou em consórcios, ninguém se preocupou em garantir um bom serviço para os passageiros?

Não é de hoje, mas o auê da mídia faz tudo parecer uma novidade. Então, precisa morrer atropelado um ciclista triatleta na Praia de Ipanema, cartão-postal do Rio de Janeiro, para a gente saber que a máfia dos ônibus continua intocável?

 

Precisa alguém como Pedro Nikolay, de 31 anos, morrer espatifado na faixa preferencial de ciclistas na Avenida Vieira Souto, o metro quadrado mais caro do Brasil, para todo mundo saber que o prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral nunca fiscalizaram de verdade a frota de coletivos do Rio? Nunca moralizaram as concessionárias, apesar de terem prometido um serviço melhor a seus eleitores?

 

Agora, as autoridades anunciam “mais rigor” contra uma frota de ônibus que registrou 52 mil multas de janeiro a março de 2013 – uma anotação a cada dois minutos e meio. É espantoso que ninguém tenha sido punido.

 

Não sei a quem se quer enganar. A histórica omissão de prefeitos e governadores – não só do Rio – diante das máfias de transporte público custa um preço cada vez mais alto em vidas. Mata-se mais porque as ruas estão entupidas de motoristas não qualificados, que seriam reprovados por um psicotécnico básico. Mata-se mais porque não se abre a caixa-preta das empresas de ônibus – provavelmente a “caixinha” dos empresários do transporte fale mais alto em muitos municípios.

 

A frota dos ônibus brasileiros reúne um misto de ganância, irresponsabilidade e crueldade que dá medo. Se os políticos acabam recuando do confronto, imagine as pessoas comuns, os motoristas e os passageiros. “Você sabe que isso aí é um vespeiro, não?”, me disse em voz baixa um estudioso do assunto.

Page: 1 2

Portal de Licitações