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O entalo da Petrobrás

A experiência ilustra de forma lapidar a enorme distância que pode separar intenções e resultados, na condução de políticas públicas. Ao dar asas à ideia de dar à Petrobrás sólido controle da exploração do pré-sal e, ao mesmo tempo, transformá-la num poderoso cartório de distribuição de benesses a produtores de equipamentos, o governo estava fascinado com os enormes benefícios políticos que poderia extrair desse arranjo. O que antevia era uma gigantesca operação de “parceria” com o setor industrial, em que a estatal controlaria “o cofre das graças e o poder da desgraça”, para usar a forma inspirada com que Victor Nunes Leal caracterizou, há mais de 60 anos, os poderes da situação política dominante no interior do País.

Mas as contradições do modelo não tardaram a aflorar. E o que agora se vê não é bem o que o governo esperava. No final de 2011, horrorizada com os preços de contratação de sondas marítimas de perfuração de alta tecnologia, a Petrobrás se viu obrigada a parar tudo e simplesmente cancelar a licitação. O que fez acender a luz vermelha no Planalto.

A engenheira Maria das Graças Foster, que deverá assumir a presidência da Petrobrás, vem sendo descrita na mídia como pessoa determinada e com grande disposição para levar adiante as mudanças necessárias na empresa. Será muito bom se puder fazer bom uso da ascendência que parece ter sobre a presidente Dilma Rousseff, para fazer ver ao Planalto que o modelo de exploração do pré-sal, concebido no calor da precoce mobilização do governo com a eleição de 2010, precisa ser repensado e flexibilizado. Não faz o menor sentido – nem para a Petrobrás nem para o Brasil – que grande parte do excedente potencial do pré-sal acabe dilapidada em faustoso programa de favorecimento à produção local de equipamentos.

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