Enquanto briga na Justiça para continuar instalada no Convento das Mercês, a Fundação José Sarney não só mantém as portas abertas como se prepara para buscar patrocínio da iniciativa privada e de governos.
Enquanto briga na Justiça para continuar instalada no Convento das Mercês, em São Luís, a Fundação José Sarney não só mantém as portas abertas como se prepara para, neste ano, buscar patrocínio da iniciativa privada e de governos.
Mesmo após denúncias de desvio de verbas e apropriação indevida, a fundação continua a tocar ações sociais e a exibir o acervo de José Sarney (PMDB-AP). Isso inclui os carros –um Landau e uma Caravan–, livros, fotos e outros apetrechos dos tempos em que o hoje senador governou o Maranhão e presidiu o Brasil.
A principal mudança no prédio foi a substituição da lápide em granito negro –reservada para o mausoléu de Sarney– por uma fonte e uma estátua em bronze em tamanho natural do senador sentado num banco, lendo um livro, sob palmeiras. A intervenção foi feita em 2010 e custou cerca de R$ 5.000, segundo Joaquim de Itapary, membro do conselho curador e presidente interino da fundação. O senador pagou pela estátua e o plano é comprar outras, de autores brasileiros, para o local, batizado de “Jardim dos Poetas”.
O projeto, diz Itapary, esbarra na falta de recursos. “Precisamos de verbas. Estamos fazendo das tripas coração para recuperar a imagem e retomar projetos sociais.” A fundação continua mantendo escola de música e cursos profissionalizantes, com recursos privados. Mas a prioridade é recuperar pilastras do prédio, que precisaram de escoras para não cair.
“Não temos recursos para arrumar”, diz Itapary, afirmando que “há um certo recato” da governadora Roseana Sarney em investir recursos públicos na entidade que leva o nome do pai dela.
Mas, em agosto, na gestão Roseana, o caixa da entidade foi reforçado com o reajuste do aluguel de casa, ocupada pela Secretaria de Educação, com dispensa de licitação.
O valor praticamente dobrou, saltando de R$ 5.000 para R$ 9,4 mil. Quatro meses antes o governo havia se comprometido a pagar R$ 338.400 referentes a aluguéis atrasados, conforme publicação no “Diário Oficial do Estado do Maranhão”. Itapary argumenta que os valores foram recompostos segundo os índices usuais da administração pública. Desde que foi acusada de desviar recursos, em janeiro de 2010, a fundação não recebe verbas públicas. As contas dos últimos quatro anos foram rejeitadas pelo Ministério Público do Maranhão, que move processo por improbidade contra a entidade. Sarney diz que não é responsável pela fundação porque não faz parte da sua gestão.
Por: Fernanda Odilla | São Luis
(Fonte: Folha SP Online)