Notícias

Empresas dominam licitações que somam mais de R$ 16 milhões em Anori

Denunciado no Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) por possíveis irregularidades em licitação para contratar serviço de pavimentação em Anori, o prefeito Regis Nazaré (Republicanos) tem mais um processo licitatório sendo questionado no órgão de controle.

A nova denúncia partiu do Ministério Público de Contas (MPC) contra a Prefeitura de Anori, onde aponta que as mesmas empresas têm dominado os certames no município nos últimos três anos, faturando mais de R$ 16 milhões dos cofres públicos.

O documento aponta indícios de fraude no pregão presencial n° 021/2021 que trata de registro de preço para eventual aquisição de material de construção no valor de mais de R$ 2,4 milhões. O valor será distribuído entre as empresas Julyo Comercial Ltda; Constrular Serviços de Construções e M C J Brandão, que venceram o processo e são apontadas como “favoritas” pela Prefeitura de Anori.

A denúncia traz a informação de que as empresas Julyo Comercial de CNPJ 02.692.154/0001-17 e a Constrular de CNPJ 11.555.511/0001-96, ambas com sede em Manaus, foram sempre as únicas participantes dos processos licitatórios presenciais em Anori, desde 2019, “o que evidencia o conluio existente entre elas e a Prefeitura de Anori”.

Levantamento feito pelo Portal Amazonas1 no Diário Oficial dos Municípios do Amazonas, detectou que essas duas firmas garantiram cerca de 17 pregões no município, entre 2019 e 2021. Destes, 15 foram em favor da Julyo Comercial, que somam mais de R$ 9,7 milhões para o fornecimento de materiais didático; construção e elétrico; higiene e limpeza; além de gêneros alimentícios.

A reportagem também apurou que os três contratos restantes foram vencidos pela Constrular, resultando em mais de R$ 3,8 milhões. Todos para o fornecimento de materiais de construção. Já a empresa M J C Brandão de CNPJ 28.153.874/0001-06, única com sede em Anori, passou a fazer parte do grupo beneficiado em 2020.

Desde então, ela foi escolhida em dois processos licitatórios também para o aquisição de materiais de construção, que somam mais de R$ 2,6 milhões. Todos os 19 contratos firmados com as três empresas chegam a cifra de R$ 16,3 milhões, em três anos.

Leia mais: Prefeito de Anori é denunciado ao TCE por licitação suspeita

Na representação, o MP de Contas sustenta que chama a atenção o fato dos estabelecimentos terem uma lista extensa de atividades secundárias, caraterísticas de empresa “faz tudo” que costuma abocar inúmeras licitações no interior para vários tipos de serviços.

“Embora, a princípio, não seja vedado à Administração Pública contratar com empresas cuja atividade econômica principal seja estranha ao objeto pretendido, desde que presente em seus objetivos sociais, é certo que a previsão de uma infinidade de atividades econômicas sem qualquer relação de umas com as outras pode indicar que determinada
empresa existe única e exclusivamente para participar de licitações com o poder público, sem possuir, de fato, qualificação específica”, diz no documento.

É o caso da Julyo Comercial com o foco no serviço de produtos alimentícios em geral cadastrado no site da Receita Federal, porém, lista outras 69 atividades secundárias, que vão da manutenção de geradores, máquinas refrigeradores, automóveis e embarcações à filmagem de eventos, passando por limpeza de edificações, aluguel de automóveis, assessoria contábil, gravação de som e edição de música, comércio de produtos de higiene, comércio de alimentos, papelaria, etc.

Já a empresa Constrular Serviços, apesar de não contar com um rol tão extenso de atividades em comparação à primeira, é especialista em itens de construção e, como atividades secundárias, o comércio de produtos farmacêuticos, comércio de equipamentos médicos e odontológicos, serviços de papelaria, confecção de roupas etc

Sem qualificação e estrutura

Durante a fiscalização de contratos e licitações, não é raro se deparar com empresas que não possuem estrutura física, não possuem estoques de materiais a serem fornecidos ou sequer contam com empregados registrados, seja para a prestação dos serviços contratados.

Com base nisso, o MPC apontou que a Constrular Serviços sequer apresentou valor referente a mercadorias em estoque disponíveis para venda, tendo em conta corrente bancária, o total de R$146,1 mil , valor considerado insuficiente para a aquisição dos itens da Ata de Registro de Preços vinculados à empresa, que totalizam R$ 458,3 mil, caso a Prefeitura de Anori decida comprá-los.

Leia mais: Compra de equipamentos de informática por R$ 2,4 milhões é suspensa em Anori

“Portanto, na prática, a empresa, geralmente em conluio com a Administração, sagra-se vencedora de procedimentos licitatórios para o fornecimento de bens ou serviços sem que possua efetivamente o bem a ser fornecido ou capacidade técnica para a realização do serviço contratado”, destacou o denunciante.

Conforme mostra a Receita Federal, a empresa é administrada por Jorgeane de Oliveira Cardoso e tem apenas meio milhão de reais como capital social.

(Fonte: Amazonas)

Related posts
Notícias

Brasil e Carreiros: Concluída a licitação para reforma da iluminação de praças

A prefeitura homologou a licitação para contratar as empresas que vão fazer a reforma da…
Read more
Notícias

Transplantes com HIV: laboratório no RJ foi contratado sem licitação

Empresa de saúde em Nova Iguaçu (RJ) contratada sem licitação foi interditada após pacientes…
Read more
Notícias

Prefeitura de São João Batista lança licitação para construção de sede própria para o Caps

A Prefeitura Municipal de São João Batista lançou, nesta quinta-feira, 10, o processo…
Read more

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *