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Empresa de Adamantina vence licitação estadual para monitoramento e controle de javalis e javaporcos

Atividades de manejo de fauna ocorrerão em unidades de conservação florestal do Estado de São Paulo.

A empresa Ob Portus Solutions, de Adamantina, venceu licitação aberta pela Fundação Florestal – vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil) — para prestar serviços de monitoramento e controle de javalis e javaporcos em cinco unidades de conservação do estado. A iniciativa do poder público paulista, considerada pioneira no país, tem como objetivo capturar e abater essa espécie exótica e invasora, cuja superpopulação compromete a biodiversidade e pode representar risco aos frequentadores dessas áreas.

A Ob Portus Solutions, farolada pelo engenheiro agrônomo Flavio Gil, trilhou caminho desde 2019 para convergir a atividade de controle de javalis regulamentada por meio da IN 3/2013 – IBAMA com atribuição legal dos profissionais fiscalizados pelo Sistema CREA/CONFEA, como contou ao SIGA MAIS. “Em meados de 2019, quando ventilei o conceito de controle de javali como atividade técnica de apoio à agricultura e à pecuária no ambiente da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Nova Alta Paulista (AEAANAP), notei reticência dos colegas”, lembra. “insisti na fundamentação e consegui apoio dos pares evoluindo em orientação técnica dentro do Conselho Regional (CREA). Assim começou o respaldo técnico para elaborar a documentação, digo, acervo técnico, para execução do manejo de fauna”, revela Flávio Gil.

A licitação da Fundação Florestal atraiu a participação de onze empresas, incluindo associações de caçadores, como uma sediada em São Carlos, além de propostas oriundas de Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O valor de referência da concorrência era de R$ 1,11 milhão, mas a proposta apresentada pela empresa adamantinense — no valor de R$ 800 mil — foi considerada vencedora por atender aos critérios de técnica e preço, superando inclusive recursos interpostos por concorrentes. Os recursos públicos destinados ao programa são oriundos de TAC – Termo de Ajuste de Conduta – e multas recolhidas em condenações por crimes ambientais impostas a infratores pelos órgãos responsáveis.

Conforme a Fundação Florestal, a empresa vencedora terá de apresentar um plano de ação a ser validado pela instituição, do qual devem constar o monitoramento por meio de armadilhas fotográficas dos animais indesejados nas unidades de conservação, a instalação de armadilhas, a captura e o abate da espécie invasora. As técnicas não podem provocar maus tratos e devem ocorrer sem causar estresse e afugentamento da espécie.

A estimativa é de capturar até 50 animais nas Estações Ecológicas de Barreiro Rico, Angatuba e Santa Bárbara; 30 na Estação Ecológica de Itirapina; e 200 no Parque Estadual de Ilhabela, totalizando até 380 animais.

Recentemente a empresa adamantinense também foi vencedora de licitação pública para captura e translocação de um grupo de aproximadamente seis animais Bugio Preto (alouatta caraya), de Ribeirão Preto, e sua reintrodução no Parque Estadual Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro, na mesma região. O objeto inusitado desse contrato de manejo de fauna silvestre tem como razão a proximidade da família de primatas em fragmento florestal urbana.

E, para atender a Fundação Florestal nesse projeto específico de captura, quarentena sanitária e relocação de primatas, a empresa firmou cooperação técnica com médico veterinário do Mato Grosso do Sul que atuou no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), vinculado ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL) e no Grupo de Resgate Técnico Animal do Pantanal (GRETAP), especialmente durante os grandes incêndios florestais ocorridos em 2020. Essa cooperação técnica de resgate de fauna é inédita na nossa região.

Protagonismo, sinergia e oportunidades

Essas demandas de manejo de fauna compõem o portfólio da empresa Adamantina, que já soma atuação no segmento do agronegócio e no controle de fauna sinantrópica (pragas urbanas). “A ampliação da nossa atuação, incorporando novas frentes profissionais e agregando cabedal técnico qualificado, trazem uma nova sinergia para a empresa e para a nossa região”, diz Flávio Gil. “Pelo agronegócio, promovendo mecanismos que impactem na maior produtividade, e nas demais frentes atuando para promover o monitoramento controle de pragas e ameaças em meios urbanos e rurais, a sinergia transcende os limites visuais e repercute em ganhos sociais, econômicos, ambientais e de valorização profissional”, prossegue o empresário e entusiasta.

Espécies invasoras – Sus scrofa

Conforme a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é signatário, “espécie exótica” é toda espécie que se encontra fora de sua área de distribuição natural. “Espécie exótica invasora”, por sua vez, é definida como sendo aquela que ameaça ecossistemas, habitat ou espécies. As espécies exóticas invasoras, por suas vantagens competitivas e favorecidas pela ausência de inimigos naturais, têm capacidade de se proliferar e invadir ecossistemas.

O javali-europeu (Sus scrofa) foi introduzido no Brasil e acabou se disseminando por não ter predador natural, diferentemente do que acontece na Europa, onde principalmente os ursos se alimentam da espécie. O cruzamento do javali com o porco deu origem ao javaporco, que é ainda maior e mais destrutivo. Esses animais também têm rápida reprodução, o que fez com que se espalhassem por diversas regiões do país, e larga capacidade de dispersão. Eles costumam consumir diversas espécies vegetais, atacando as florestas e plantações, além de danificar nascentes pelos hábitos de cavar, revirar o solo em busca de alimento, chafurdar na lama e se refrescar nos cursos d’água. Atacam também animais invertebrados e vertebrados, prejudicando a biodiversidade.

A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) categoriza a espécie Sus scrofa como uma das 100 piores espécies exóticas, considerando impactos como o ataque em lavouras e animais domésticos; transmissão de doenças (febre aftosa, leptospirose, peste suína clássica); exposição do solo; alteração da composição da vegetação; predação e competição com espécies nativas. Por isso, está sendo contratado o monitoramento e o controle dos javalis e javaporcos nas cinco unidades. O objetivo principal é minimizar os impactos gerados pelo avanço da espécie. Com esse serviço, os animais serão capturados com armadilhas formadas por redes ou cercados, nos quais coloca-se a ceva, alimento para atraí-los. Depois de capturados, são posteriormente abatidos e as carcaças destinadas adequadamente.

(Fonte: Siga Mais)

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