O setor tem condições de ser a plataforma para a expansão dos investimentos”, aponta o último boletim de análise da associação, lançado nesta semana.
Até 2015, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fala em R$ 922 bilhões em investimentos para o setor de infraestrutura. Para 2012, quando o mercado doméstico terá grande importância por causa da instabilidade externa, a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib) crê que a indústria de infraestrutura será a arma propulsora da economia, do emprego e da renda. “O setor tem condições de ser a plataforma para a expansão dos investimentos”, aponta o último boletim de análise da associação, lançado nesta semana.
Esses recursos não viriam só dos orçamentos públicos. As próximas concessões na área podem atrair R$ 90,2 bilhões em investimentos – não estão inclusos aportes previstos em leilões de petróleo e gás, telecomunicações e geração de energia. “Trata-se de quantia pequena diante dos gargalos existentes, das oportunidades disponíveis e do potencial de investimento privado na infraestrutura brasileira”, considera a Abdib. Para a associação, os governos federal e estaduais precisam aproveitar melhor o potencial da iniciativa privada. “Além de permitir que os recursos públicos melhorem os serviços em áreas sociais, as concessões permitem capturar a capacidade investidora e financiadora das empresas privadas e aumentar o total de obras construídas paralelamente.”
A crença dos especialistas é que o país não avança na velocidade necessária. Segundo a Abdib, dos R$ 922 bilhões previstos até 2015, R$ 424 bilhões serão destinados ao segmento de petróleo e gás. Para Maurício Girardello, sócio da PWC Brasil, o setor de infraestrutura corre para cobrir o saldo devedor.
Já para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, o problema do setor é o risco regulatório. “O dinheiro vai entrar: temos demanda reprimida e mercado consumidor”, avalia. “A lentidão acontece por falta de políticas públicas”, ressalta Pires. “Em 2011, o governo esteve imobilizado, com as decisões centralizadas pela presidente Dilma. O risco para 2012 é continuarmos nesse imobilismo.”
A centralização leva o setor a ter poucos interlocutores no governo, diz Pires, e a falta de decisão política gera incertezas. “Criam-se situações como a da hidrelétrica do Rio Madeira, na qual a Odebrecht tem duas turbinas prontas e não há linha de transmissão para levar a energia para o Sul do país.”
“As obras de infraestrutura são lentas, por isso devem ser projetadas antes de se chegar ao ponto de estrangulamento em que chegamos”, diz Stefânia Grezzana, analista da consultoria Tendências. No setor de petróleo e gás, por exemplo, a Abdib reclama do atraso na realização de novos leilões de blocos de exploração e produção, que já atinge concessionárias e produtoras de bens e serviços.
Para Girardello, o caso dos aeroportos é emblema do imobilismo. “A questão já não é mais se vai dar tempo de fazer as obras necessárias para a Copa, mas de saber o que vai dar para fazer até lá”, afirma. “O modelo recém divulgado para as privatizações de Guarulhos, Viracopos e Brasília prevê investimentos de R$ 2,8 bilhões nos três aeroportos, exige participação de 45% a 49% da Infraero e obriga, indiretamente, a participação de ao menos um sócio estrangeiro no consórcio que disputar a licitação.
(Fonte: Valor)