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Paulo Preto pediu propina para ‘qualificar’ empreiteira a disputar licitação, diz Cavendish

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O dono da Delta Construções, empresário Fernando Cavendish, afirmou nesta quarta-feira (31) que o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, cobrou propina antes do início das licitações das obras de ampliação da marginal Tietê, em 2009.

Cavendish foi interrogado pela primeira vez após firmar delação premiada com o Ministério Público Federal. Ele disse ao juiz Marcelo Bretas que o pagamento era condição para permitir que as empresas participassem das licitações no estado, à época comandada por José Serra (PSDB).

“Haveria um pacote de obras em vários segmentos rodoviários. Nesse cenário haveria um acordo, capitaneado por Paulo Preto, que iria conduzir e determinar como seria dividido a participação das empresas que ele iria selecionar. Um acordo muito antes da licitação”, disse Cavendish.

“Para se pré-qualificar a esse acordo, as empresas deveriam pagar para participar dessa seleção. Ele faz questão de tratar desse assunto com os donos da empresa”, acrescentou.

O dono da Delta afirmou que pagou R$ 8 milhões para se qualificar para participar das licitações. Ele afirmou ter pagou mais R$ 20 milhões após vencer a disputa para um dos lotes da marginal Tietê, em consórcio com a Sobrenco -empresa não mencionada no depoimento.

A obra envolveu a criação de uma nova pista na marginal, ao longo de 22 km e ao custo de R$ 1,75 bilhão -o contrato da Delta se referia a um lote de R$ 360 milhões. A decisão de fazê-la foi controversa: especialistas questionavam a necessidade de uma intervenção desse porte voltada principalmente a usuários de automóvel.

Paulo Preto está preso desde fevereiro, em Curitiba, por causa de uma ação da Lava Jato do Paraná. Ele é acusado de ser operador de propina da Odebrecht destinada ao PSDB.

O depoimento de Cavendish corrobora as informações prestadas pelo ex-gerente da Delta em São Paulo, Helvétio Rocha.

Em depoimento a Bretas em abril, o executivo disse que, antes da licitação, entregou até sete “caixas-box” -com volume equivalente a três caixas de sapato, segundo ele- no 10º andar da Dersa, onde Paulo Preto mantinha seu gabinete. Ele estimou o valor de cada uma em cerca de R$ 1 milhão.

“Fui na reunião no gabinete dele [Paulo Preto]. Ele confirmou o que tinha dito [ao gerente da Delta]. Se mostrou muito seguro. Questionei a antecipação, prática que considerava estranha, muito arriscada no meu papel de dono. Mas ele mostrava muita segurança”, disse Cavendish.

“O sr. Paulo Preto era uma pessoa diferente na forma como conduzia as coisas. Não sei precisar se era um risco que ele não queria correr, se era uma forma que ele queria dar o processo. Era incomum, tem toda razão”, disse o dono da Delta ao magistrado.

Embora demonstre estranheza, a prática é similar à adotada pelo ex-governador Sérgio Cabral (MDB-RJ), que cobrou valores antecipados às empreiteiras no início de sua gestão, em 2007.

O pagamento ocorreu em dinheiro vivo disponibilizado pelo empresário Adir Assad, operador que também firmou delação premiada com a Procuradoria. Ele firmava contratos fictícios com o consórcio a fim de obter recursos em espécie para o pagamento de vantagens indevidas.

Assad confirmou a Bretas os pagamentos a Paulo Preto e disse que cobrava 12% para si sobre os valores entregues em espécie.

O ex-diretor da Dersa também foi alvo nesta quarta de nova denúncia, em razão das propinas supostamente pagas pela Delta. Além dele, também é acusada Magna Freitas de Carvalho, ex-funcionária da estatal que recebia, segundo o Ministério Público Federal, parte dos valores indevidos destinados a Paulo Preto.

O advogado Alessandro Silvério, que defende Paulo Preto, afirmou que vai se manifestar nos autos do processo no momento oportuno.

A assessoria de Serra não comentou o caso até a publicação desta reportagem.

(Fonte: Gaúcha ZH)

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