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O arquiteto que leva a Flip para beira-mar

Mauro Munhoz fala sobre as novidades da feira literária de Paraty

Requalificar os espaços públicos de Paraty envolvendo a população local é o próximo desafio de Mauro Munhoz. O arquiteto, que está a frente da Casa Azul, associação que organiza a Flip, é um dos responsáveis pela ampliação do turismo cultural na cidade, que recebe cerca de 20 mil visitantes durante a festa literária. A relação de Munhoz com a cidade é quase tão antiga quanto sua paixão pela arquitetura, tema que insiste em dizer: tem que entrar “na pauta do brasileiro”. Em conversa com a coluna falou sobre o projeto de mudança das tendas da festa, a importância do Museu do Futebol para SP e refletiu sobre o uso que fazemos do espaço público no Brasil.

Abaixo, trechos da conversa.

Esse ano a Flip tem algumas mudanças físicas. Uma das tendas, por exemplo, ficará à beira-mar. Por quê?
É uma ideia que já tem alguns anos. Queremos desafogar o centro histórico de Paraty, deixá-lo só para a flipinha, cuja atividade é super voltada para a população local. Então vamos revitalizar a parte nova da cidade, do outro lado da ponte, fazendo essa intervenção.

Qual é o impacto cultural e físico que há nessa mudança?
A tradicional tenda do telão vai para o Pontal, perto do mar, lugar com uma vista linda. Nosso objetivo é fazer do evento uma experiência de intervenção urbana. Paraty pode pensar o século 21 fazendo uma proposta de construção do futuro desse território e levando em consideração suas raízes culturais.

Que raízes são essas?
Paraty é uma cidade que historicamente tem uma relação importante com a água. O Lúcio Costa tem um texto super bonito que diz que Paraty é “o lugar onde os caminhos da água e os caminhos do mar se encontram, se entrosam”. Durante um período, a cidade ficou isolada e só voltou a se ligar a rotas econômicas quando construíram a Rio-Santos, em 1974. Foram 119 anos de isolamento, que resultaram na preservação de recursos naturais, da cidade de pedra e cal. Aliado a isso, algo muito mais valioso e menos visível, que é o patrimônio imaterial.

O que é esse patrimônio?
Essa população que ficou isolada preservou uma cultura de cem anos, mesclada a uma intelectualidade que foi para lá nos anos 1960 e 1970. Isso dá uma singularidade interessante para essa cultura paratiense. A Flip é uma experiência cultural que se beneficia dessa raiz. O que as pessoas acham sensacional no evento é isso: as características físicas e geográficas do lugar, e o repertório cultural singular.

Por que só esse ano?
Só agora a prefeitura conseguiu resolver os problemas de alagamento que tinha nesse espaço.
Há quem diga que a Flip perdeu o patrocínio da Petrobrás por conta do convite para FHC palestrar na abertura, ano passado.
Não existe evidências a respeito disso. É mera especulação.

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