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EUA atacam Brasil e exigem mudanças

Embaixador americano diz que barreiras do Brasil são como ”enfiar um pau nos olhos dos parceiros comerciais”.

 

O governo de Barack Obama fez a mais dura crítica até agora sobre a onda de medidas protecionistas no Brasil e alertou que o governo de Dilma Rousseff terá de promover uma “mudança de atitude” se quiser fechar acordos comerciais. As declarações foram feitas ontem pelo embaixador dos Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC), Michael Punke. Segundo ele, as últimas barreiras estabelecidas pelo Brasil são como enfiar “um pau nos olhos dos parceiros comerciais”.

Segundo o Estado revelou há um mês, o Brasil foi o país onde as importações mais cresceram no mundo em 2010, acima de 40%. A valorização do real e o crescimento do mercado doméstico têm sido os principais fatores desse avanço. Em resposta, o governo brasileiro adotou uma série de barreiras contra as importações em alguns setores, além de incentivar a produção local com regras de licitação pública favorecendo empresas nacionais.

Para Punke, essas medidas têm o potencial de bloquear as negociações da Rodada Doha da OMC. “O Brasil tem tomado uma série de medidas para elevar tarifas. Isso, para mim, é uma espécie de pau nos olhos dos parceiros comerciais, cria um ambiente mais difícil para as negociações que, claro, têm como meta, reduzir tarifas.”  Clima tenso. As críticas diretas ao protecionismo brasileiro se somam à já delicada relação comercial entre os dois países. O Brasil questiona as barreiras ao etanol e acaba de vencer uma disputa no comércio de suco de laranja. Mas, para o governo americano, sem uma nova posição do Brasil, não há como fechar a Rodada Doha, que entra no décimo ano de negociações.

Com o impasse de uma década, a OMC começou neste mês o que espera ser o trabalho final para um acordo, ainda em 2011. Mas o governo americano deixou claro que essa perspectiva apenas se concretizará se os emergentes mudarem de postura. Isso porque, segundo eles, o Brasil já se beneficiou do acesso aos mercados dos países ricos na última década, sem retorno. “Esperamos que o Brasil assuma responsabilidades no mesmo nível que tem sido beneficiado pela economia mundial. O Brasil tem se beneficiado por ter acesso a mercados e pelas concessões feitas na Rodada Uruguai há 16 anos”, disse Punke.

Um dos pontos de ataque dos americanos é a proteção ainda existente no mercado brasileiro para produtos eletrônicos. “Setenta e três países são membros de um acordo nessa área. O Brasil não é e me surpreende que a décima maior economia do mundo não o seja, quando outros como El Salvador, Egito ou Vietnã não têm problema algum em fazer parte do acordo.”

Emergentes. As críticas não são apenas ao Brasil. A meta do governo Obama é convencer também China e Índia a abrirem seus mercados se quiserem ver a conclusão de Doha. “Tem sido altamente frustrante”, afirmou o americano, em relação ao comportamento dos emergentes nas negociações. “Há um grande desequilíbrio de concessões. Não vamos mais aceitar isso.”

Procurado, o Itamaraty destacou a importância do mercado americano para o País e disse que não iria “antagonizar com os Estados Unidos via imprensa”. “Não é costume do Brasil negociar fora do âmbito diplomático nem responder a críticas por outras vias.”

 

Por: Jamil Chade
(Fonte: Estadão Online)

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