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Atraso na transposição

A transposição do Rio São Francisco, padece de um mal que provoca atrasos no cronograma e certamente aumenta seu custo final: o descompasso entre as obras civis e a instalação dos equipamentos necessários para bombear a água.

A transposição do Rio São Francisco, o ambicioso projeto que o ex-presidente Lula queria transformar num símbolo de seu governo, padece de um mal que provoca atrasos no cronograma e certamente aumenta seu custo final: o descompasso entre as obras civis e a instalação dos equipamentos necessários para bombear a água.

 

Como mostrou reportagem do jornal Valor na semana passada, os dois canais que levarão as águas do São Francisco para regiões afastadas do Nordeste estão sendo abertos no ritmo previsto. Um deles terá 402 quilômetros de extensão; o outro, 220. Mais da metade deles já foi concluída. Isso, porém, não garante que a água chegará logo ao seu destino, porque obras essenciais estão atrasadas ou ainda nem começaram. É como se, na pressa de mostrar suas realizações, o governo Lula tivesse executado o projeto de trás para a frente.

 

Projeto polêmico – pois muitos estudiosos consideram seu custo elevado e temem seus efeitos ambientais e, por isso, defendiam outras soluções, como a revitalização do rio antes da transferência de parte de suas águas para outras regiões -, a transposição do São Francisco começou a sair do papel em 2007. Ela foi concebida para interligar diversas bacias hidrográficas.

 

Um dos canais projetados para essa interligação, o Eixo Norte, vai de Cabrobó (PE) a Cajazeiras (PB). Com 402 quilômetros, o canal cruza os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Outro, o Eixo Leste, de 220 quilômetros, começa na cidade de Floresta (PE), na represa da Usina de Itaparica, e termina em Monteiro (PB). Do Eixo Leste sairá um ramal de 70 quilômetros para atender a região pernambucana da Bacia do Rio Ipojuca. Os canais têm 12 metros de largura por 4 de profundidade.

 

A reportagem do Valor mostra que, no Eixo Norte, em Cabrobó, o Batalhão de Engenharia do Exército já concluiu 75% do canal de aproximação que permitirá a passagem das águas do rio para o canal principal. A conclusão da obra está prevista para dezembro. A 8 quilômetros dali, a equipe do Exército já executou 75% das obras da Barragem de Tucutu, a primeira das cinco previstas no Eixo Norte.

 

Mas, enquanto as obras civis avançaram, outras, mais complexas, não caminharam na mesma velocidade; algumas ainda nem foram licitadas. Por razões topográficas, para chegar a seus destinos, a água desviada do São Francisco precisa ser bombeada. No Eixo Norte, estão previstas três estações de bombeamento, a primeira das quais logo no seu início, em Cabrobó. Mas o local onde a estação deverá ser construída ainda não passa de uma montanha de pedras e terra.

 

Essa obra chegou a ser licitada em 2008, mas as empresas vencedoras queriam aumentar o valor do contrato, com o que o governo não concordou. As vencedoras desistiram da obra alegando dificuldades técnicas e financeiras e, desde então, nada se fez. Anuncia-se para abril nova licitação. Mesmo que tudo corra bem, as águas do São Francisco não começarão a ser bombeadas para o Eixo Norte antes de 2013, pois a construção de uma estação de bombeamento leva cerca de 36 meses.

 

A situação é melhor no Eixo Leste. As obras da estação de bombeamento estão adiantadas e o Exército precisa concluir rapidamente a ligação do Eixo com o rio. A conclusão desta obra está prevista para o início de 2012. O cronograma original, montado de acordo com os desejos do ex-presidente, previa a inauguração desse Eixo no segundo semestre de 2010.

 

Deve-se lembrar que, além das estações de bombeamento, outras obras são necessárias para a operação regular dos canais, como a construção de 36 barragens, 17 aquedutos, 7 túneis, 63 pontes, 35 passarelas e 165 tomadas de água. Além disso, as estações de bombeamento exigirão subestações de energia.

 

Do ponto de vista administrativo e financeiro, o governo terá ainda de resolver o problema da revisão dos contratos. Há dias, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, admitiu que, nessa revisão, o valor da obra, previsto em R$ 5 bilhões, poderá chegar a R$ 7 bilhões, ou 40% a mais, se todos os pedidos de revisão feitos pelas empreiteiras forem atendidos.

(Fonte: Estadão Online)

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